domingo, 14 de setembro de 2008

A próxima série de imagens foi realizada em 1999, foi um trabalho destinado a retratar o perfil do trabalhador de rua, localizados no quadrilátero composto pelos viadustos do Chá e Santa Ifigênia, Vale do Anhangabaú e Rua São Bento, no Centro de São Paulo. Durante alguns sábados pela manhã, caminhei por estas ruas conversando, entendendo e vivendo um pouco da realidade de quem trabalha como camelô ou artista de rua. As atividades são as mais variadas possíveis, desde datilógrafo de documentos, mágicos, vendedor de utilidades domésticas e ferramentas, cartomante, jogadora de búzios, vendedor de cartões telefônicos e canetas. Enfim, uma gama de ocupações logo ali, no meio do caminho a procura de um cliente. A opção foi de trabalhar com imagens em Preto e Branco, pois o objetivo era retratar esta realidade purificada de côres, para que pudéssemos nos ater às expressões, formas e atividades; como que primitivas, estranhas, surpreendentes em si pela espontaneidade de seus artífices.













Artistas e Trabalhadores (Emilio Angelo-1999)

A cada um deles - homens e mulheres, brasileiros, todos...
Vêm de todos os lados.
Vêm do leste como a luz que projeta-se na estrutura de ferro importado
Linha que cruza o Vale
Como o homem que está atrasado para o trabalho.
Ele que tem nome de Santa
E é testemunha da luta diária pela vida
Estende-se para abrigá-los e curva-se para saudá-los
É ali onde todos passam
Onde passa o homem
A menina, o velho aposentado e a freira que vai ao Mosteiro
É ali, como que em um altar
Aos pés da Santa
Que estes oferecem o seu trabalho e a sua arte
Como prova de confiança em dias melhores
Ah, dias melhores....
Como serão estes dias?



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