sexta-feira, 31 de julho de 2009

INFINITO VIII

JANELA PARA O MAR (Eduardo Pinto Basto / José Fontes Rocha)

Como se o mar se exprimisse
Fui à janela e disse,
Disse ao mar de tempestade,
Disse ao mar de calmaria,
Ao horizonte sem fim,
Disse a palavra alegria
A este mar que há em mim.

Como se fosse infinito,
Disse, à janela, um grito,
Disse ao mar toda a verdade,
Feita de ondas e espuma,
De ventos, sal e areias:
"Não és mar, coisa nenhuma,
Senão mar nas minhas veias".

O mar que já sei de cor
Parece à noite maior,
Um grande mar de saudade
Onde este vento que solta
O mar e a caravela
Traz a alegria de volta
Ao mar da minha janela.

O mar que já sei de cor
Parece à noite maior,
Um grande mar de saudade
Onde este vento que solta
O mar e a caravela
Traz a alegria de volta
Ao mar da minha janela.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

INFINITO VII

quarta-feira, 29 de julho de 2009

INFINITO VI

Janela para o Mar (Branca Pires)

Janelas para o mar
O horizonte inteiro
A contemplar
Somente o mar
A me olhar
A me chamar
A me esperar
A me guardar
E a mim
Velar

Lanço-me ao mar
Não há ventos certos
Nem incertos
Somente céu e mar
E eu a velejar

terça-feira, 28 de julho de 2009

INFINITO V

Ficaremos Juntos na Praia (Ricardo Bernardes)

Ficaremos juntos,
Esquecidos no fundo da praia
Quando as gaivotas do anoitecer
Passarem em murmúrios nos nossos
Olhos de lágrimas.
Ficaremos deitados na areia,
Nas dunas, e na beira das rochas
Salpicadas pelo sal das ondas
E carcomidas pelos moluscos
E os limos.
O Sol que regressa da Epopeia
Cobre-nos carinhoso
Com os seus raios de fim de tarde
E a lua que desponta Para noite de serenata
Canta em coro com os anjos
A nossa canção secreta.
Ficaremos só nós, isolados do Mundo
Porque para quem ama
O Mundo é a pessoa amada
E a solidão a melhor companheira.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

INFINITO IV

domingo, 26 de julho de 2009

INFINITO III

sexta-feira, 24 de julho de 2009

INFINITO II

Fernando Pessoa

Pouco importa de onde a brisa
Traz o olor que nela vem.
O coração não precisa
De saber o que é o bem.
A mim me basta nesta hora
A melodia que embala.
Que importa se, sedutora,
As forças da alma cala?
Quem sou, p'ra que o mundo perca
Com o que penso a sonhar?
Se a melodia me cerca
Vivo só o me cercar...


quinta-feira, 23 de julho de 2009

INFINITO I

quarta-feira, 22 de julho de 2009

INFINITO


A AREIA E SEUS MISTÉRIOS (Carmen Vervloet)

Branca e silente areia...
Mistérios não revelados...
Pelo ardente sol, incinerados...
Espalhados pelo vento...
No seu contentamento...
Rencanto da natureza...
Suave como os olhos da lua...
Maciez que se insinua...
E convida...

terça-feira, 21 de julho de 2009

DIA DO AMIGO

Amigo - Pablo Neruda, in "Crepusculário"
1.

Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.

2.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.

Bebe do meu cântaro se tens sede.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.

Amigo,
se tens fome come do meu pão.

3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.

Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...


domingo, 19 de julho de 2009

Solidão VII

Solidão VI


Mar de solidão (HerLânder Lobão)

Tudo distante, este mar consome
Em turbulentos gestos, tão bravio
No peito um desgosto que não dorme
Na alma um calor com tanto frio

Não sei que mais me quer, tanto agita
Tão bravo vem, tanto que me tenta
Preso, fico a tudo que me grita
E calado a ver sua tormenta

E sigo já sem praia a meu redor
Pisando as pedras gume que de cor
A alma distingue na escuridão

Entre melancolia e saudade
De mim se perde o que é verdade
Por ganho, tenho um mar de solidão

sábado, 18 de julho de 2009

Solidão V

A Solidão é Sempre Fundamento da Liberdade (Fernando Echevarría)

A solidão é sempre fundamento
da liberdade. Mas também do espaço
por onde se desenvolve o alargar do tempo
à volta da atenção estrita do acto.
Húmus, e alma, é a solidão. E vento,
quando da imóvel solenidade clama
o mudo susto do grito, ainda suspenso
do nome que vai ser sua prisão pensada.
A menos que esse nome seja estremecimento
— fruto de solidão compenetrada
que, por dentro da sombra, nomeia o movimento
de cada corpo entrando por sua luz sagrada.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Solidão IV


[conforma-te]
(Volmar Camargo Junior)

conforma-te
ei-la, como pediste,
a praia longa e branca
basta de ritos funerários
basta de tormentas marinhas
basta de esperar ser consumido
conforma-te, é o fim da vida no mar
sente, o sol aqui é mesmo o sol
o chão caminha com o vento
e a paisagem, por si, muda
a praia longa e branca
ei-la, como pediste
conforma-te

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Solidão II

Areia (Andréa Motta)

nessa areia branca
desenho meu passado
e busco no vento
arrimo ao futuro

fujo dos ditames
e regulamentos

nessa areia branca
onde o tempo
entre os dedos
escapa
sou tão breve
como breve
é a vida....


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Solidão I


A cadeira vazia (introdução) RABI NACHMAN DE BRESLAV

- A cadeira na qual você está sentado está vazia!

- “Ridículo! Como pode ser?”

- Você está certo, não pode ser... Porque você está sentado nela.

- Mas é possível que a pessoa sentada na cadeira se sinta vazia.

- Então esta cadeira estará vazia, mesmo se estiver ocupada!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Solidão

Lágrimas de Areia (Agameno Troyan)

Lá estava ela, triste e taciturna
Testemunha de efêmeros conflitos
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.

Sentia-se solitária; oca.
Os homens admiravam-na
Pelos os seus contornos
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!

Dessa profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não molhavam o seu rosto
Mas secavam o seu coração,
O poço da sua alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.

E lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali...

O dia começou a desfalecer
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...

Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia!
Em um porto seguro.

FLORES VII


CANÇÃO DE OUTONO (Cecilia Meireles)

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

domingo, 12 de julho de 2009

FLORES VI

O desabrochar (Maria Dias)

Cresça

Desenrole

Erga-se

Floresça!

Depois,

Sobrevoe os vales

Os prados

Os lagos...

Solte suas sementes

Pulverize seu pólen

Peça ajuda ao vento

Siga o caminho das borboletas

Das andorinhas

Das gaivotas...

E não olhe mais para trás!

Não faça as contas com o tempo,

Não olhe abaixo dos seus pés,

Eleve-se!

Confie no vento que te carrega agora...

E siga... Siga em frente

E desabroche enfim, flor de mim!


sábado, 11 de julho de 2009

FLORES V

sexta-feira, 10 de julho de 2009

FLORES IV

quinta-feira, 9 de julho de 2009

FLORES III

quarta-feira, 8 de julho de 2009

FLORES II

A Flor Amarela (Cecília Meireles)

Olha a janela
da bela Arabela.
Que flor é aquela
que Arabela molha?
É uma flor amarela.

terça-feira, 7 de julho de 2009

FLORES I


Flores secas (Marcos André Lins)

Flashes de vida,
Quando flores acordam subitamente,
A luz descansa, abriga-se na imagem,
E a alma sente,
O minúsculo big-bang
O ínfimo despojar-se de uma semente...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Esquadrilha da Fumaça

domingo, 5 de julho de 2009

Esquadrilha da Fumaça

A Rua dos Cataventos (Mario Quintana)

O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...

Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!

E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude...


sábado, 4 de julho de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009