quarta-feira, 30 de junho de 2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
sexta-feira, 25 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
BAHIA FORMOSA/RN
lembro-me bem de que baixava
entre terras de sede
que das margens me vigiavam.
Rio menino, eu temia
aquela grande sede de palha,
grande sede sem fundo
que águas meninas cobiçava.
Por isso é que ao descer
caminho de pedras eu buscava,
que não leito de areia
com suas bocas multiplicadas.
Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava.
Saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata.
domingo, 13 de junho de 2010
BAHIA FORMOSA/RN
A CANÇÃO DA VIDA (Mário Quintana)
A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela
amor!
Entra em mim, como em uma tela
de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar
não vás ficar
aí...
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)
sábado, 12 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
Aqui eu te amo -Pablo Neruda
Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforece a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.
Descinge-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui eu te amo.
Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta..
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
Quero ver-te barco negro,
Solto em mares cristalinos,
Onde as focas não se afoguem.
Gaivotas deixem o limbo,
E albatrozes de vôos limpos,
Mirem as tainhas e lulas,
De um saudável jantar...
Quero ver-te barco negro,
Envolto em redes com peixes,
Navegando entre golfinhos,
Sem o risco de encalhar,
Que os pingüins visitem a costa,
E descansem da jornada,
Sem os corpos carcomidos,
Por poluentes do mar...
Quero ver-te barco negro,
Longe dos tecno- piratas,
Raptores de outros barcos,
Luxuosos do alto mar,
Quero ver-te no horizonte,
Na lente de um menino,
No resgate da natureza,
E no brio do teu olhar...
quinta-feira, 10 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
Mar de Areia (Cruz Mendes)
se é deserto
o que está perto,
certo é (lembrar, convém)
que pura miragem será
o vazio que contém.
o olhar certo, mais atento,
descobre linhas em dunas ,
um mundo novo por dentro
e um apelo a que te unas
ao sol e à luz do teu centro.
se de areia são as ondas,
marés de amarelo pintadas,
e sutis as diferenças
entre marcas e pegadas,
e a vida te exigir
(seca e dura,sem sorrir)
que a venças
ou desistas
e te roubar velhas crenças,
não te chores,
não a temas,
não resistas:
ensina o teu ser a mudar
conforme se mudam as pistas.
domingo, 6 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
O mistério do mundo, o íntimo, horroroso, desolado, verdadeiro mistério da existência, consiste em haver esse mistério. Quanto mais fundamente penso, mais profundamente me descompreendo. Só a inocência e a ignorância são felizes, mas não o sabem. São ou não? Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra, um lugar, nada mais. Quanto mais claro vejo em mim, mais escuro é o que vejo. Quanto mais compreendo menos me sinto compreendido.
sábado, 5 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
Das Pedras (Cora Coralina)
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
(Arte poética de João Cabral de Melo Neto)
1. Entre pedra e água, essa indolência
de mineral voltado para
dentro de si mesmo até quando
em intensidade pulsando;
que se pedra e água à roda-viva
emaranham alheios corpos,
eles corpos nada verão
do miolo desse ocluso pão;
que entre pedra e água, a indiferença
geométrica, lâmina fria
desvenda as coisas, os alheios
volumes, nunca o próprio seio;
assim entre pedra e água, a faca
corta o poema, bem ao meio
da frieza bem-humorada
da palavra, infecta de nada.
2. Essa a imagem, sempre de fora
que o dentro é só dela palavra
medida com precisão, cálculo
entre pedra e água, o mais agudo;
que a alta defesa da palavra
é carta geográfica para
não se orientar, severo enigma
entre pedra e água, inapreendida;
que é essa a matemática doma
do que indômito se faz, verbo
deserto, de mil fímbrias, lâmina
entre pedra e água, onde se escande
o poema numa fímbria exata
e contida como se o número
fosse o próprio timbre do canto
entre pedra e água, penetrante;
3. Se quando alfinetes penetrem
uma garganta, entre pedra e água
jorre o canto, nunca de espesso
sangue, mas sim de seu avesso;
que um alfinete ou outra seta
procura o canto entre pedra e água
por conhecê-lo aí vazio
de lágrimas ou outros cios;
que uma agulha busca somente
a natureza entre pedra e água,
a natureza sem vertigens
só dela agulha, impassível;
que esse estilete fere tanto
uma garganta, entre pedra e água
para saber-se imagem pura,
poema inciso em ponta de agulha.
4. A pedra doma a água, o seu ímpeto
mais voraz, resistindo até
que, subjugada, ela arrefeça
seus vórtices e pare, queda;
a água doma a pedra, polindo
as suas arestas até
que se volte sobre si mesma,
lisa, tal seda, pedra seda;
esse metódico trabalho,
água contida pela pedra,
tal a palavra, entre pedra e água
que se contém, em grave lavra;
geometria elementar,
o amaciar da pedra pela água,
tal o poeta, entre pedra e água,
esse engenheiro da palavra.
5. Entre pedra e água está o poema,
sem perder sua vegetal
natureza aquém de raízes
e além-ramada, em cicatrizes;
cicatrizes que mais se con-
densam, em sendo o próprio âmago
dele poema entre pedra e água
de todo excesso depurado;
depurado em fino alguidar
onde o que entre pedra e água seja
o mais puro ouro que se busca,
o verbo vivo, verbo-súmula;
súmula do que de mais livre
concentra-se numa palavra,
antes e depois, mesmo quando
de entre pedra e água findo o encanto.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
BAIA FORMOSA/RN
Entre as pedras frias de granito
Há vida, tristeza, dor, e grito
Há sonho, fantasia, há quimera.
Por entre as pedras gastas do tempo
Há dor, frustração, há o lamento
Do que foram ontem, noutra era.
Por entre as pedras frias que piso
Há alegria, a esperança, o sorriso
De ver nascer de novo, a Primavera.