terça-feira, 31 de agosto de 2010

PARQUE DAS DUNAS / NATAL / RN

Coração é terra que ninguém vê(Cora Coralina)

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.


PARQUE DAS DUNAS / NATAL / RN

DA OBSERVAÇÃO (Mário Quintana)

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PARQUE DAS DUNAS / NATAL / RN

Para meu coração (Pablo Neruda)

Para meu coração basta teu peito
para tua liberdade bastam minhas asas.
Desde minha boca chegará até o céu
o que estava dormindo sobre tua alma.

E em ti a ilusão de cada dia.
Chegas como o sereno às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que cantavas no vento
como os pinheiros e como os hastes.
Como eles és alta e taciturna.
e entristeces prontamente, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Te povoa ecos e vozes nostálgicas.
eu despertei e as vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.

domingo, 29 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

Barco sem remos. (Poeta Perdido)
..

Quebrada está a bússola que me deste,
Navego sem rumo!
Quero Chorar...,
Não tenho destino..,
Os mapas que me escreveste,
Despareceram como o fumo.
Não tenho orientaçao para navegar.
E sinto-me como um menino.
...
Onda bate na minha proa,
Carrasca,
Range a madeira,
Água flui,
E navego á toa..,
E ouço um som da lasca.
Foi a primeira,
Tábua que partiu.
...
Meu barco sem remos,
No meio do oceano.
E se nós? Nunca nos veremos?
Serei eu menos Humano?
...
Não quero viver na imansidão do mar,
Ter dúvidas, e as poder tirar.
Mesmo sem intrumentos ,continuo a navegar..,
Porque linda, pelo teu olhar,vale a pena lutar.

sábado, 28 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

Aqui onde se espera (Fernando Pessoa)

Aqui onde se espera

- Sossego, só sossego -

Isso que outrora era,

Aqui onde, dormindo,
-Sossego, só sossego-

Se sente a noite vindo,

E nada importaria
-Sossego, só sossego-

Que fosse antes o dia,

Aqui, aqui estarei
-Sossego, só sossego -

Como no exílio um rei,

Gozando da ventura
- Sossego, só sossego -

De não ter a amargura

De reinar, mas guardando
- Sossego, só sossego -

O nome venerando...

Que mais quer quem descansa
- Sossego, só sossego -

Da dor e da esperança,

Que ter a negação
- Sossego, só sossego -

De todo o coração ?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

ROMANCE SONÁMBULO (Garcia Lorca)

A Gloria Giner
y a Fernando de los Ríos

Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas le están mirando
y ella no puede mirarlas.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

FELICIDADES NO DIA DE HOJE......

A Idade de Ser Feliz (desconhecido)

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

Olhos verdes (Bernardo Guimarães)


Eu conheço uns lindos olhos,
Que fazem morrer de amor,
Têm a verde e linda cor
Que tem o mar em bonança.
Ai de mim, que nesses olhos
Hei posto minha esperança!

São brilhantes e formosos
Como dous astros sem véu
A sorrir em puro céu
Em noite serena e mansa.
Mas nesses astros brilhantes
Não vejo luz de esperança.

Já não creio em olhos verdes;
Olhos verdes são traidores,
São fanais enganadores,
Não inspiram confiança.
Sabem só matar de amores
Sem nunca dar esperança.

Antes nunca eu visse os olhos,
Que fazem morrer de amor,
E que têm a linda cor
Que tem o mar em bonança.
Ai de mim, que nesses olhos
Não tenho mais esperança.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

O FOTOGRAFO (Manoel de Barros)

Dificil fotografar o silêncio
Entretanto tentei .Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho,ninguem passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Por fim eu enxerguei a nuvem da calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.
Fotografei a nuvem na calça e o poeta.
Nenhum outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir a sua noiva.
A foto saiu legal.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

Pablo Neruda

Quero apenas cinco coisas...

Primeiro é o amor sem fim

A segunda é ver o outono

A terceira é o grave inverno

Em quarto lugar o verão

A quinta coisa são teus olhos

Não quero dormir sem teus olhos.

Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera para que continues me olhando.



terça-feira, 17 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Olhos Verdes (Gonçalves Dias)

São uns olhos verdes, verdes,
Que pode também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do padro,
Mas verdes da cor do mar.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como se lê num espelho
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós, ó meus amigos
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos da cor da esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar;
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,
Que, ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!

sábado, 14 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

VERDE QUE TE QUERO... (Kfarias)

Verde mar.
Verde olhar.
Verde quero,
Ver-te toda minha.
Corpo moreno, prazeroso,
e amar lentamente,
suavemente suas curvas
a fazer trejeitos/balanços,
poesia no contexto.
Nós, entre lençóis,
a nos entregar
na volúpia do verso,
na música que envolve o ar,
na rima rica de se dar.
Verde mar.
Verde olhar.
Verde esperança
de tudo acontecer,
devagar, devagar...
E, eu a te rimar,
nesse louco vaivém,
tal qual
ondas verdes do mar...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fernando Pessoa

O mistério do mundo,
O íntimo, horroroso, desolado,
Verdadeiro mistério da existência,
Consiste em haver esse mistério.
...

Não é a dor de já não poder crer
Que m’oprime, nem a de não saber,
Mas apenas completamente o horror
De ter visto o mistério frente a frente,
De tê-lo visto e compreendido em toda
A sua infinidade de mistério.
...

Quanto mais fundamente penso, mais
Profundamente me descompreendo.
O saber é a inconsciência de ignorar...

Só a inocência e a ignorância são
Felizes, mas não o sabem. São-no ou não?
Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra,
Um lugar, nada mais.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

Uma Mulher No Meio do Mar


Na praia batida de vento a voz entrecontada chama
Dentro da noite amarga a grande lua está contigo e está com ela - pousa o teu rosto sobre a areia!
A tua lágrima de homem ficará correndo sobre o teu corpo dormindo e te levará boiando
E talvez a tua mão inerme encontre a sua mão cheia de frio
Tudo está sozinho e o supremo abandono pousou sobre o corpo nu da que deixaste ir
A onda solitária é o berço do amor e há uma música eterna nas formas invisíveis
Passa o teu braço sobre o que foi o triste destroço de um outro mar bem mais revolto
E sentirás que nunca o pobre corpo foi mais flexuoso ao teu afago nem o olhar mais aberto ao teu desejo.
Afaga os seios que os seus beijos poluíram e que a água amante fez altos e serenos
Mergulha os dedos pela última vez na úmida cabeleira espessa que se vai abrir como as medusas
Porque também a lua vive a vez derradeira a visão escrava
Porque nunca mais também os olhos que estão parados te mostrarão o céu
E as linhas que vês desfeitas já pesam como que para o descanso do fundo que não atingirás.
Não sentes que é preciso que ela vá, vá dar morada às algas que lhe cobrirão amorosamente o corpo
Para fugir de ti que o cobrias apenas com a ardência imutável do teu desejo?

Oh, o amor que abre os braços à piedade!…

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

Sou barco solitário (Van Albuquerque)

Hoje, sou barco solitário
navegando a deriva...
Sendo carregado, empurrado
por águas agitadas, ventos fortes
abandonado no meio do nada

Barco errante, navegando
sem rumo, sem direção...
Mais um náufrago do amor
perdido em sentimentos
ancora no cais da saudade

O luar que prateia o céu
observa de soslaio
minha tristeza infinda
dilacerando, consumindo
minha alma inquieta, solitária

Sou barco solitário, exilado
do mundo, de meus sonhos...
Avisto o horizonte incandescente
em meu peito, só cabe a saudade
navegando nas ondas do meu coração

domingo, 8 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

A minha vida é um barco abandonado (Fernando Pessoa)

A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?

Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino

Frescor de afastamento, no divino

Amplexo da manhã, puro e salgado.

Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,

Boiando à tona inútil da saudade.

Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.

sábado, 7 de agosto de 2010

PIPA / RN - 2010

No Entardecer (Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)

No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda
que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...

Mas as árvores permanecem imóveis

Em todas as folhas das suas folhas

E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,

Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser

E não haveria em nós necessidade de ilusão ...

Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida

E nem repararmos para que há sentidos ...

Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,

E haver gente que erra é original,

E haver gente doente torna o Mundo engraçado.

Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,

E deve haver muita cousa

Pa
ra termos muito que ver e ouvir. . .


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PIPA / RN 2010

O Vento na Ilha (Pablo Neruda)

Vento é um cavalo:
ouve como ele corre
pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como ele corre o mundo
para levar-me longe.
Esconde-me em teus braços
por esta noite erma,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.
Escuta como o vento
me chama galopando
para levar-me longe.
Como tua fronte na minha,
tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa levar-me.
Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
enquanto eu, protegido
sob teus grandes olhos,
por esta noite só
descansarei, meu amor.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

PIPA / RN 2010

Poema ao mar (Ledalge)

Percorro as tuas ondas
Cada sílaba de sal
Cada acento do teu corpo
Com água envolto

Percorro as tuas costas
Unhando-te como um peixe faminto
E tens tanto pra me dar!
Em batidas cardíacas aceleradas
Ondas mágicas que me roçam a boca

Percorro tua face que o sol faz arder
Em salinas santas de marés
E nado para ti como um bebê no ventre

E me fazes plena!
Eu te tenho amor, meu mar!
E sou a concha que ao ouvido escuta teu gemido
levitando em mim com ares de imponência
Sou do mar a cúmplice que nada fala
Segrego no corpo o desejo
Do prazer que me dás!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

PIPA / RN 2010

La belle de jour (Alceu Valença)

Ah hei! Ah hei! Ah hei!
Ah! La Belle de Jour!
Ah hei! Ah hei! Ah hei!

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour!...

Belle de Jour!
Oh! Oh!
Belle de Jour!

La Belle de Jour
Era a moça mais linda
De toda a cidade
E foi justamente prá ela
Que eu escrevi
O meu primeiro blues...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

PIPA / RN 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PIPA / RN 2010

Colorida passagem pelo mundo (Laura Bernardes)

Vida colorida atraí para mim
Recortes em mosaico sobre a mesa
Sofá verde-esperança sob um violão
Computador aberto, exposto
Tranquilidade ao redor.

Sairei à rua mais tarde
como gosto
A passear devaneadora
beirando abismos
Suspirando delicioso pavor
Sabedora de que apenas um fio
Prende o ser etéreo à matéria
Que essa essência, a qualquer momento,
pode se desligar e pairar
de volta ao seu estado natural.

domingo, 1 de agosto de 2010

PIPA / RN 2010