Como se o mar se exprimisse
Fui à janela e disse,
Disse ao mar de tempestade,
Disse ao mar de calmaria,
Ao horizonte sem fim,
Disse a palavra alegria
A este mar que há em mim.
Como se fosse infinito,
Disse, à janela, um grito,
Disse ao mar toda a verdade,
Feita de ondas e espuma,
De ventos, sal e areias:
"Não és mar, coisa nenhuma,
Senão mar nas minhas veias".
O mar que já sei de cor
Parece à noite maior,
Um grande mar de saudade
Onde este vento que solta
O mar e a caravela
Traz a alegria de volta
Ao mar da minha janela.
O mar que já sei de cor
Parece à noite maior,
Um grande mar de saudade
Onde este vento que solta
O mar e a caravela
Traz a alegria de volta
Ao mar da minha janela.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
INFINITO VIII
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
INFINITO VI
Janelas para o mar
O horizonte inteiro
A contemplar
Somente o mar
A me olhar
A me chamar
A me esperar
A me guardar
E a mim
Velar
Lanço-me ao mar
Não há ventos certos
Nem incertos
Somente céu e mar
E eu a velejar
terça-feira, 28 de julho de 2009
INFINITO V
Ficaremos juntos,
segunda-feira, 27 de julho de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Pouco importa de onde a brisa
Traz o olor que nela vem.
O coração não precisa
De saber o que é o bem.
A mim me basta nesta hora
A melodia que embala.
Que importa se, sedutora,
As forças da alma cala?
Quem sou, p'ra que o mundo perca
Com o que penso a sonhar?
Se a melodia me cerca
Vivo só o me cercar...
quinta-feira, 23 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
INFINITO
A AREIA E SEUS MISTÉRIOS (Carmen Vervloet)
Mistérios não revelados...
Pelo ardente sol, incinerados...
Espalhados pelo vento...
No seu contentamento...
Rencanto da natureza...
Suave como os olhos da lua...
Maciez que se insinua...
E convida...
terça-feira, 21 de julho de 2009
DIA DO AMIGO
1.
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.
2.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Bebe do meu cântaro se tens sede.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.
Amigo,
se tens fome come do meu pão.
3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.
Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...
... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...
domingo, 19 de julho de 2009
Solidão VI
Mar de solidão (HerLânder Lobão)
Tudo distante, este mar consome
Em turbulentos gestos, tão bravio
No peito um desgosto que não dorme
Na alma um calor com tanto frio
Não sei que mais me quer, tanto agita
Tão bravo vem, tanto que me tenta
Preso, fico a tudo que me grita
E calado a ver sua tormenta
E sigo já sem praia a meu redor
Pisando as pedras gume que de cor
A alma distingue na escuridão
Entre melancolia e saudade
De mim se perde o que é verdade
Por ganho, tenho um mar de solidão
sábado, 18 de julho de 2009
Solidão V
A solidão é sempre fundamento
da liberdade. Mas também do espaço
por onde se desenvolve o alargar do tempo
à volta da atenção estrita do acto.
Húmus, e alma, é a solidão. E vento,
quando da imóvel solenidade clama
o mudo susto do grito, ainda suspenso
do nome que vai ser sua prisão pensada.
A menos que esse nome seja estremecimento
— fruto de solidão compenetrada
que, por dentro da sombra, nomeia o movimento
de cada corpo entrando por sua luz sagrada.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Solidão IV
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Solidão II
nessa areia branca
desenho meu passado
e busco no vento
arrimo ao futuro
fujo dos ditames
e regulamentos
nessa areia branca
onde o tempo
entre os dedos
escapa
sou tão breve
como breve
é a vida....
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Solidão I
A cadeira vazia (introdução) RABI NACHMAN DE BRESLAV
- A cadeira na qual você está sentado está vazia!
- “Ridículo! Como pode ser?”
- Você está certo, não pode ser... Porque você está sentado nela.
- Mas é possível que a pessoa sentada na cadeira se sinta vazia.
- Então esta cadeira estará vazia, mesmo se estiver ocupada!
terça-feira, 14 de julho de 2009
Solidão
Lá estava ela, triste e taciturna
Testemunha de efêmeros conflitos
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.
Sentia-se solitária; oca.
Os homens admiravam-na
Pelos os seus contornos
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!
Dessa profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não molhavam o seu rosto
Mas secavam o seu coração,
O poço da sua alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.
E lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali...
O dia começou a desfalecer
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...
Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia!
Em um porto seguro.
FLORES VII
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
domingo, 12 de julho de 2009
FLORES VI
Cresça
Desenrole
Erga-se
Floresça!
Depois,
Sobrevoe os vales
Os prados
Os lagos...
Solte suas sementes
Pulverize seu pólen
Peça ajuda ao vento
Siga o caminho das borboletas
Das andorinhas
Das gaivotas...
E não olhe mais para trás!
Não faça as contas com o tempo,
Não olhe abaixo dos seus pés,
Eleve-se!
Confie no vento que te carrega agora...
E siga... Siga em frente
E desabroche enfim, flor de mim!
sábado, 11 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
quinta-feira, 9 de julho de 2009
quarta-feira, 8 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
FLORES I
Flashes de vida,
Quando flores acordam subitamente,
A luz descansa, abriga-se na imagem,
E a alma sente,
O minúsculo big-bang
O ínfimo despojar-se de uma semente...
segunda-feira, 6 de julho de 2009
domingo, 5 de julho de 2009
Esquadrilha da Fumaça
O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...
Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude...